quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Primeiro uso de células-tronco de Sangue de Cordão Umbilical expandidas para tratamento de Leucemia

1. Colleen Delaney, Shelly Heimfeld, Carolyn Brashem-Stein, Howard Voorhies, Ronald L Manger & Irwin D Bernstein. Notch-mediated expansion of human cord blood progenitor cells capable of rapid myeloid reconstitution. Nature Medicine, published online 17 January 2010.

Pesquisadores do Fred Hutchinson Cancer Research Center desenvolveram um sistema de cultura para células-tronco do sangue de cordão umbilical, usando uma estratégia de expansão em laboratório, a qual aumenta a eficácia da reconstituição da medula óssea.

O estudo demonstrou rápida reconstituição hematopoética em modelos animais e em estudos clínicos de fase 1 com pacientes tratados com quimioterapia.

Segundo os especialistas, a estratégia pode levar a resultados clínicos que permitirão reduzir a morbidade e mortalidade nessas doenças.

Em estudo publicado na revista Nature Medicine, Colleen Delaney e seus colegas do Fred Hutchinson Cancer Research Center descrevem uma técnica que permite a expansão in vitro, em larga escala, das células-tronco obtidas do sangue de cordão umbilical, que foram depois infundidas em pacientes com leucemia e resultaram em uma bem sucedida e rápida recuperação medular.

O número limitado de células-tronco no sangue de cordão umbilical tem sido uma das razões para que o transplante do sangue de cordão umbilical leve à uma recuperação da medula óssea mais lenta e tenha uso mais restrito em adultos, devido ao maior peso. Quanto mais longa a recuperação da medula óssea, maior o risco de que os pacientes, que estão com o sistema imune comprometido, adquiram infecções oportunistas.

De acordo com a Dra. Delaney, a importância desse estudo está no fato de que a expansão das células-tronco do sangue de cordão umbilical pode ser feita sem que aconteça a diferenciação das células – elas são expandidas, mas continuam com as características de células-tronco, sem se diferenciarem. Quando infundidas nos pacientes, essas células rapidamente dão origem a leucócitos e outros componentes do sistema sanguíneo.

A expansão das células foi possível com o uso de uma proteína capaz de ativar a proliferação das células-tronco, sem diferenciação. Esta técnica foi desenvolvida pelo Dr. I. Bernstein, do mesmo Instituto de pesquisa e publicada em 2000. Uma década de pesquisa levou à bem sucedida passagem do laboratório para a clínica.

O método foi capaz de aumentar 164 vezes o número de células CD 34+, uma célula-tronco multipotente que dá origem a todas as células do sangue e que está presente no sangue de cordão umbilical.

O estudo descreve ainda o resultado da infusão dessas células em 10 pacientes que receberam duas unidades de sangue de cordão para tratar leucemias agudas de alto risco. Cada paciente recebeu uma unidade de células-tronco não manipulada e uma unidade de células-tronco expandida em laboratório.

Os pesquisadores avaliaram a segurança da infusão das células expandidas, assim como o tempo de reconstituição do sistema sanguíneo, o tempo de duração do transplante e quais as células-tronco que contribuíram mais para a reconstituição.

Os resultados mostraram que as células expandidas diminuíram o tempo de reconstituição em uma semana. Sete dos 10 pacientes estão vivos, sem evidência da doença e sem reação de rejeição das células infundidas.