quinta-feira, 11 de março de 2010

Cryopraxis investe em pesquisas com Células-Tronco no tratamento de doenças neurodegenerativas

A Cryopraxis, por meio de sua divisão de Terapia Celular – a CellPraxis - tem investido em pesquisas pré-clínicas e clínicas das doenças do envelhecimento, particularmente as doenças cardíacas (revista Cryopraxis, nº04) e neurológicas. Os resultados dessas pesquisas foram traduzidos em três artigos científicos, publicados nesse ano, que representam os passos iniciais para a transposição da pesquisa experimental em aplicação como terapia corrente.


As duas maiores linhas que investigam os mecanismos da terapia celular nas doenças neurodegenerativas tem discutido se as células-tronco transplantadas repõem as células danificadas do hospedeiro ou se elas servem como um agente de liberação de fatores capazes de ativar as células do próprio indivíduo a se diferenciarem.


A terapia celular para o tratamento das desordens neurológicas tem obtido considerável progresso em experimentos pré-clínicos e clínicos. A análise desse progresso foi tratada em dois trabalhos de revisão publicados recentemente. No primeiro deles1 é feita uma revisão do 15º Encontro Anual da Sociedade Americana para a Terapia e Reparo Neural (The annual meeting of the American Society for Neural Therapy and Repair -ASNTR) de 2008. Nesse encontro foram discutidos os últimos resultados das pesquisas para as doenças neurodegenerativas, cobrindo tópicos que vão desde as pesquisas básicas aos mecanismos das doenças como Doença de Parkinson, Alzheimer e Acidente Vascular Cerebral, incluindo estudos de uso das células-tronco de diferentes fontes nos transplantes e as condições necessárias para maximizar a eficácia das células-tronco endógenas (células-tronco neuronais) e exógenas (células-tronco de medula óssea, sangue de cordão umbilical e células-tronco embrionárias). Foram discutidas também as técnicas para isolamento, purificação, diferenciação e migração dessas células. Outros estudos foram focados em métodos avançados de aplicação de células e fatores específicos por meio da engenharia tecidual ou manipulação celular por injeção simples.


Em trabalho publicado recentemente2 foi possível demonstrar que a injeção de agentes que aumentavam a permeabilidade da barreira hemato-encefálica (manitol) facilitavam a chegada dos fatores liberados pelas células-tronco de sangue de cordão umbilical humano, por meio de injeção intravenosa, em animais recém-nascidos com hipóxia cerebral. A associação do manitol com a infusão das células-tronco de sangue de cordão umbilical apresentou uma melhora de 40% na recuperação motora desses animais.


O uso potencial de diferentes células ou tecidos para transplante na Doença de Parkinson está sob intensa investigação. Os resultados de estudos em animais demonstraram que o transplante de células progenitoras neuronais exógenas (NPCs) pode estimular a proliferação das células neuronais endógenas (locais), levando-as a proliferação, migração e diferenciação associado a proteção das áreas lesionadas. Outros transplantes com células de origem neural no sítio da lesão foram capazes de restaurar a função de neurônios em primatas e o uso de células-tronco de sangue de cordão umbilical humano aplicado a roedores com Doença de Parkinson apresentou resultados animadores.


O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das doenças mais estudadas, sendo a terceira maior causa de morte, atrás apenas das doenças cardíacas e alguns tipos de câncer. No 15º Encontro Anual da Sociedade Americana para a Terapia e Reparo Neural um grande número de pesquisadores apresentou seus resultados com terapia celular. Animais com AVC submetidos ao implante de células-tronco mesenquimais de medula óssea induzidas a se diferenciar em células neuronais, apresentaram melhora das funções neurológicas, sendo que estas células se mantiveram no local da injeção três meses após o transplante. Outro grupo de pesquisas mostrou que células-tronco de medula óssea humana eram capazes de proteger as células neuronais, diminuindo a morte celular por meio da liberação de fatores específicos. A dose celular capaz de melhorar as funções neurológicas em ratos com AVC foi determinada, enquanto a fração de células monocíticas parece ser crítica para a recuperação das funções quando a fonte de células-tronco utilizada foi o sangue de cordão umbilical humano. Essas células demonstraram ser capazes de recrutar e favorecer a diferenciação das células precursoras dos neurônios no sítio da lesão. Os resultados iniciais de um estudo clínico de Fase I em pacientes com AVC crônico submetidos à infusão de células-tronco autólogas mostraram uma melhora considerável no déficit neurológico.


O segundo trabalho de revisão3 mostra os avanços das terapias com células-tronco de diferentes fontes nas doenças neurodegenerativas e discute a importância de elucidar os mecanismos de migração após o transplante das células e sua fixação e funcionamento no sítio da lesão. O trabalho aponta ainda a importância do estabelecimento de normas regulatórias para o uso dessas terapias de tal forma que elas sejam seguras, reprodutíveis e eficientes. Mostra que, ainda que as pesquisas para esclarecer essas questões estejam em andamento, um acúmulo de evidências aponta o papel crítico das células-tronco na modulação da reação inflamatória.


1. .Park DH, Eve DJ, Borlongan CV, Klasko SK, Cruz E, Sanberg P.R . From the basics to application of cell therapy, a steppingstone to the conquest of neurodegeneration: a meeting report.2009 Med Sci Monit. 15(2):RA23-31.
2. Yasuhara T, Hara K, Maki M, Xu L, Yu G, Ali MM, Masuda T, Yu SJ, Bae EK, Hayashi T, Matsukawa N, Kaneko Y, Kuzmin-Nichols N, Ellovitch S, Cruz E., Klasko SK, Sanberg CD, Sanberg PR, Borlongan CV. Mannitol facilitates neurotrophic factor upregulation and behavioral recovery in neonatal hypoxic-ischemic rats with human umbilical cord blood grafts. : J Cell Mol Med. 2009 Feb 4.
3. Dong-Hyuk Park, David J. Eve, James Musso III, Stephen K. Klasko, Eduardo Cruz, Cesario V. Borlongan, Paul R. Sanberg. Inflammation and Stem Cell Migration to the Injured Brain in Higher Organisms. Stem Cells and Development. 2009 Jun;18(5):693-702.